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Archive for the ‘arte’ Category

dia das crianças no brasil, eu ganho presentes aqui em barcelona, em minha segunda visita a este sítio frenético. aleluia, uau. virginie despentes, a escritora e diretora francesa mais traduzida em todo o mundo, me dá de presente o maravilhoso “devenir perra” da sensacional itziar ziga. beatriz diz que vai me presentear com um dos seus. dei de presente pra beatriz o “rútilo nada”, da hilda hilst, em francês, editado pela caractères. nem acredito, quase devorei totalmente o “perra” em duas horas de barceloneta. véro está editando o novo filme da virginie, aqui em barcelona. a directrice da caractères (da rue muffetard) me convidou pruma soirée de poesia no quartier latin.

tudo é um grande encontro? uma grande coincidência? como foi mesmo que cheguei aqui? a vida pode ser um presente?

sim, pode. sair à noite hosteada pela tekla e conhecer as ramblas turcas, e as pequenas ruas sujas e marginais de barcelona. ir ao bar onde se reúnem as performers sexuais mais incríveis do planeta. ver a véro e a virginie trabalhando, almoçar com performers. brincar com eddie pelas largas calçadas de barcelona. fazer amor durante horas. iku. transgender. post-porn. post-op.

o que será o futuro?

voltar a paris para as próximas aulas de francês desejando imensamente saber falar todas as línguas.

barcelona selvagem, si us plau.

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rambla, da janela do ônibus

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praça da catalunya (onde chego do aeroporto)

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língua doida dos infernos (a virginie me relata que o catalao é muitas vezes usado como forma de seleçao “cultural”  em barcelona e outros lugares, porque muito excludente – quem fala é incluído, quem nao fala nao tem acesso a certos lugares de poder, como cargos publicos, catedras etc)

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domingao em barceloneta – to ficando especialista em topless – montao de gente pelada, velhos, jovens, semivelhos, semijovens, magros, gordos, semimagros, semigordos, meias idades, carecas, gays, straights, transgenders, europeus, latinos, cucarachos, familias.

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barceloneta, jovenes

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rambla, esperando o ônibus

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j´adore

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no dia 29 de setembro, a véro me buscou de táxi na minha escola de francês pra me levar no show da emiliana torrini, no olympia. foi a primeira vez que andei de táxi em paris, um luxo impensável pra quem ganha em reais e gasta em euros. mas, ouso dizer, foi lindo: um carrão deslizando pelos boulevards chiques de paris até o olympia, pra ver um show ótimo, eu me senti a própria catherine deneuve.

mentira, não dá tempo de se sentir catherine deneuve. é tanta coisa acontecendo junto e rapidamente que a gente parece um cometa explodindo em outra língua.

karine_alice_vero

karine, alice e véro, na porta do olympia: amigas de 20 anos…

foyer_olympia

eu fazendo a linha “fina-fetiche-consumista” com meu blackberry no foyer do olympia de paris…

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esperando pra começar o show, pessoas chegando no olympia. a gente colou no gargarejo, véro e eu, as “crianças” da turma. karine e alice ficaram um pouco mais pra trás.

emiliana

emiliana e sua banda agradecem no final…

lopera

a gente sai do show, vai andando um pouquinho e dá de cara com o que? essa beleza resplandescente toda, o l’opera de paris… alice me disse que a melhor hora pra dar de cara com o l’opera é de manhã, quando o sol incide sobre o brilho arquitetônico das pontas desta coisa e parece que o mundo é um jantar de 800 talheres luís quinze.

resto

aqui o restô chique do lado do l’opera onde a gente foi tomar um drink depois do show.

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amigos, escrevo de barcelona, onde cheguei há pouco dirigindo o peugeot da véro, com ela do lado, dormindo num sol de sete da tarde, bem europeu e louco. chegamos numa barcelona frenetic, pelas ramblas. pessoas quentes atravessando a rua, o mercadinho hype, as ramblas, as igrejas, as lojas, com seus ipods, sacolas, bengalas, cachorros, um bronzeado de gringo nas nucas brancas, um calorrrrrr, uma alegria, uma surpresa…

loucuras. o mínimo que posso falar. daqui há pouco coloco (montes de) fotos, porque a maioria ficou presa no meu blackberry novo de neo-galega deslumbrete, que esqueceu o código-pin em paris.

vou ficar indo e vindo paris-barcelona durante o mês de outubro, porque a véro vai trabalhar daqui.

mas, va bien, em menos de 4 dias, eu:

1 – fiz um teste na minha nova escola de francês da prefeitura de paris, na rua victor-cousin, EM FRENTE a sorbonne, e a professora disse que meu frances já é bom, e que vai me botar no nivel dois, e a escola eh fofinha de linda, eh de crianças de dia, e de adultos de noite, e no meu caminho eu passo toda terça e quinta por notre dame, que me saúda misticamente com a ave-maria de seus sinos toda seis da tarde, e eu agradeço… e eu penso na ave-maria que eu costumava escutar quando era criança no quintal da casa da minha avó, em belo horizonte, dos sinos que vinham da igreja do carmo… a mesma ave-maria. eu mando beijos para minha avó, em paris.  (finalizei também um texto que escrevi com a minha querida laura para a bienal do mercosul e uma newsletter para uma empresa)

2 – assisti, a convite da minha querida véro, a genial cantora e compositora emiliana torrini no olympia de paris, uma casa onde já se apresentaram os maiores mestres da musica do mundo. o show foi incrível,  ela é uma graça e muito intensa, milhares de fotos e vídeos que eu mostro depois… (incrível como a gente pode receber músicas de amor a 10 mil quilômetros de distância e depois, em menos de dois meses, ver ao vivo a cantora, em paris. incrível do que a toda a gente é capaz).

3 – tomei um drink com karine e alice et vero num restaurante chiquérrimo do lado do l’opera.  juro que eu moraria dentro do banheiro daquele lugar.

4 – entrevistei em inglês o franceseeeeérrrrimo lighting design louis clair, pra revista que eu colaboro, meu primeiro apontamento profissional em paris.

5 – cruzei todo o sul da frança de carro, conheci o massivo central, fui saudada pelo pôr do sol de um lado, e pela lua cheia de outro, vi cervos selvagens nos antigos bosques do rei.

6 – aprendi porque as uvas desenvolvem sabores diferentes dependendo dos lugares onde crescem

7 – dirigi um peugeot na fronteira entre frança e espanha, cruzando os pirineus sobre uma estradinha curva e estreita de noite, vendo do alto dos pirineus a lua cheia jogando um brilho incrível sobre o mediterrâneo, essa imensa baía sedutora do capeta…

8 – vi um castelo do seculo 11 absolutamente impecável em carcassonne, onde um lorde de 24 anos se rebelou contra a sanha dos templários e protegeu os cátaros do massacre iminente, pagando com sua vida por isso… fiquei sabendo bastante sobre os cátaros, mais do que eu já sabia. vou conhecer o monte onde todos eles tiveram suas cabeças cortadas pelos templários.

9 – comi o primeiro cassoulet da minha vida, em frente ao canal de midi

10 – vi um treinamento da legiao estrangeira!

11 – pernoitei em portbou, onde walter benjamin se suicidou com morfina, em 26 de setembro de 1940, por medo de ser alcançado pelos nazistas… portbou é lindíssima, eu vou passar um tempo lá, com certeza, antes que os franceses descubram aquela beleza toda. eu vou sentir benjamin em portbou, ah se vou.

12 – visitei o memorial de benjamin sobre as rochas, projetando-se sobre o mar, com minha namorada, e pensei que a vida precisa ser intensamente vivida, e que eu preciso ser mais entregue

13 – emocionei-me  quando deixei a última cidade de frança, ao volante,  e vi a fronteira da espanha, um check point bobíssimo, que nem tem guarda…

14 – fiz o primeiro topless da minha vida adulta numa praia espanhola cheia de areia negra e água azul cristalina. um velhinho produtor de vinho em la grasse se apaixonou por mim (com minhas pernas de “jogadora de rugby”, hehe) e pediu a minha mao pra véro… missier georges durand, old school total…

15 – comi um loup de mer e uma sangria num restaurante sobre o mar e as pedras

16 – dirigi até barcelona, onde nos perdemos e nos encontramos

17 – subi cinco andares de escadas com as bagagens

18 – saí pra jantar com a véro com duas das maiores artistas-intelectuais da frança e da espanha, em barcelona (véro vai editar o filme de uma delas) e elas pagaram a conta.

19 – conversei com beatriz preciado sobre livros e peformance e achei que a vida pode ser incrivelmente feliz como a gente sonhou no nosso próprio conto de fadas. fiquei tensíssima quando a virginie despentes perguntou por que que eu gostei do filme dela, e nem consegui responder, fiquei gaguejando em inglês, bem idiota e horrível.

(daqui a pouco eu volto, com fotos)

por enquanto, c’est çaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

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uma das experiências mais malucas que certamente já vivi na minha vida foi visitar com pierre -, amigo francês apaixonado pelo brasil (mais um!), que fala fluentemente português – um terreiro de oxossi, em pleno 11 arrondissement, paris.

a chefe do terreiro, uma francesa escolhida por um babalorixá brasileiro, é filha de oxossi. minha primeira e imediata dúvida foi pensar se aqueles pais e mãe de santos franceses (com dois brasileiros) falavam francês ou português quando recebiam o santo.

eles falam português. com sotaque.

tudo me deixou boquiaberta. cheguei com meu amigo pierre, tiramos os sapatos e os casacos e entramos na sala com os atabaques e as pessoas. era uma “festa de caboclos”, como dizemos no brasil.  pierre vestiu sua roupa branca de sexta-feira e seu colar de oxossi. isso tudo depois de uma semana minha morando oficialmente em paris, tomando cafezinho na esquina da rue des archives e aprendendo a cozinhar.

minha cabeça deu um nó.

eu me senti superbem quando entrei na cerimônia de umbanda, mas comecei a pirar, no sentido antropológico da palavra: é como se eu resolvesse encenar a revolução francesa no quintal da minha casa em são paulo, botasse todos os meus amigos entendidos em revolução francesa com peruca luís quinze e fizesse todo mundo falar em francês e dançaro balé da coorte de versailles.

no dia, seguinte, sou convidada pra ir na exposição “são paulo, mon amour“, que foi muito legal. lá encontro quem? a alê cestac, uma das artistas da mostra, que conheci em sampa na casa da aninha rüsche.

sim, mon amour, o mundo é pequeniníssimo.

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(aqui a véro sendo amarrada pela alessandra, um dos seus “trabalhos” de pombagira, dentro da expô são paulo mon amour)

muito doido apresentar meus novos amigos franceses pros meus amigos brasileiros, em paris!

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